sinta a água cair
Sinto a água quente cair nos lombos endurecidos Estou me afogando? Não, estou no poço Onde a poesia me alivia Tira a água que contagia E arranca o ar do peito que desfalecia Mas onde estou agora Não quero lembrar que eu era Sou uma maquina humana Por um instante sentir o alivio Não sentir dor Só o prazer que me acendia Onde todos estão agora Na jornada traçada Como eu numa manha inesperada Mas tire de mim a agonia Tire de mim a ira Tire de mim vida Porque preciso voltar Do chão, onde todos caminham Rompendo os tendões em tarefinhas Sinta a chuva cair sobre a sua cabeça Sinta a chuva cair sobre a carne dura Sinta a água escorrer sobre sua alma Veja a arte da natureza Veja a arte de seduzi-la Sinta a arte de produzi-la Porque uma pecadora como eu Merece choques em uma cadeia Por ter banalizado a sociedade paradigma Por querer ficar sozinha Só pelo resto da vida!